Testemunho

De Jefferson 
O problema das drogas está em evidência atualmente, pelo aumento da violência na sociedade. O vício em entorpecentes é fator relevante para a desestruturação familiar e porta de entrada para a criminalidade, uma vez que, para manter o hábito nocivo, o dependente necessita adquirir meios de comprar drogas. Dessa forma, na falta de recursos, passa a realizar furtos, assaltos e até mesmo a prostituição vira alternativa.

O efeito mais poderoso das drogas, seja lícita ou ilícita, é a dependência, tanto química quanto psicológica. Quando vicia em certa substância, o organismo passa a necessitar de doses diárias da droga, formando um ciclo cada vez mais intenso, e, aos poucos, a pessoa passa a viver buscando apenas esse objetivo. Sonhos são desfeitos, famílias são destruídas e vidas são perdidas.

A libertação da dependência é muito difícil, pois a abstenção provoca sérias mudanças no organismo e, uma vez recuperado, a luta contra recaídas perdura por toda a vida.

Um são-luizense, que viveu o drama do vício e suas conseqüências, encontrou apoio na religião e na vontade de viver para superar as barreiras impostas pela dependência. Hoje, ele sonha com um futuro promissor, longe das drogas e no caminho indicado por Jesus Cristo, sua inspiração nas horas difíceis.

Jeferson Pedro Correia dos Santos, 19 anos, nasceu em Porto Alegre e se criou em São Luiz Gonzaga

desde os cinco anos. Nunca conheceu o pai biológico e, aos 10 anos, perdeu a mãe. Acabou indo morar com familiares. Teve sua primeira experiência com drogas aos 13 anos de idade, por rebeldia: “Meu padrasto me maltratava muito; como não tinha boa estrutura familiar, acabei me envolvendo com vizinhos que consumiam drogas. Comecei a fumar cigarro e a ingerir bebida alcoólica. Aos 14 anos, já consumia maconha dentro da escola”.

Sobre isso, Jéferson afirma que o sentimento de revolta aflorava cada vez mais: “Eu sentia repulsa contra a sociedade. Embora ainda trabalhasse para me sustentar, não percebia que entrava cada vez mais no vício. Parecia que todos à minha volta me condenavam e me julgavam. E o viciado passa a nutrir essa revolta, pois se considera dono de si; não aceita as críticas e não enxerga a realidade”.

Nessa época, Jeferson passou a usar drogas cada vez mais, ingressando no terreno movediço da cocaína e do crack: “Fiquei cinco anos trabalhando como um hippie, confeccionando artesanato e miçangas para obter dinheiro e manter o vício. Consegui parar por um tempo, aos 17 anos, mas, logo já estava me drogando novamente, fumando crack e consumindo bebidas alcoólicas.

Perto da morte

Com a grande necessidade de sustentar o vício, Jéferson passou a cometer pequenos furtos em estabelecimentos e residências da cidade. Conhecido pelo apelido de “Feijão”, ele havia se tornado um pequeno delinquente, entrando na rotina da criminalidade. Em uma ocasião, envolveu-se numa briga em uma uísqueria. Escapou por pouco de levar um tiro de revólver.

Jéferson havia chegado, literalmente, no fundo do poço. Porém, aos 18 anos, no Natal de 2009, o jovem teve uma epifania: ao sair para as ruas, encontrava-se sem dinheiro, sem drogas e estava sem a família por perto. Sentiu, pela primeira vez, que aquele caminho que estava trilhando não poderia levá-lo a lugar algum. Após a incursão no mundo das drogas e do crime, ele não enxergava futuro fora do vício. Até que tomou uma atitude que mudaria o rumo de sua vida.

Início da recuperação

Por conta de sua família frequentar a Igreja Assembleia de Deus, Jéferson ficou sabendo de uma apresentação que seria realizada nas dependências da igreja. Curioso, acompanhou familiares para assistir ao teatro. Era uma peça do Desafio Jovens Gideões, denominação de um centro de recuperação de jovens dependentes químicos. Ao assistir à peça, foi como rever o filme de sua vida. Decidiu, naquele dia, que iria largar o vício.

O pastor da igreja o encaminhou, então, para o centro de recuperação, dando entrada no dia 28 de dezembro de 2009. O Centro de Recuperação Desafio Jovens Gideões, localizado na cidade de Jaguari/RS, acolheu Jéferson, decidido a recuperar a autoestima e livrar-se da dependência química.

O trabalho de recuperação

A rotina do estabelecimento consistia no trabalho da espiritualidade pelo período da manhã, com meia hora de oração, jejum e uma hora e meia de terapia, como trabalho na horta, faxina e culinária. À tarde, uma hora e meia de terapia, leitura da Bíblia, e, à noite, cultos ou vídeos com mensagens.

O trabalho realizado pelos internos era de ressocialização, para que aprendessem a fazer tarefas do dia-a-dia. Limpavam os recintos, lavavam as roupas, enfim, teriam o aprendizado de como viver normalmente no cotidiano. Muitos foram para locais de readaptação na sociedade, trabalhando em estabelecimentos indicados pelo projeto. Muitos outros voltavam para suas cidades, como no caso de Jéferson.

O retorno à vida

Jéferson recebeu alta do Centro após seis meses e 15 dias internado. Decidiu retornar para São Luiz, para dar início à nova vida: “Todo dia é uma luta, pois as recaídas podem ocorrer, uma vez que o cotidiano da sociedade oferece tentações para quem está em recuperação. Há muitas pessoas que fumam, consomem álcool, participam de festas. O dependente em si precisa superar essas tentações e agarrar-se à vontade de viver”, acentua.

Jéferson largou as drogas e hoje leva a palavra de Deus para quem precisa de ajuda

Outro fator que dificulta a reintegração do ex-dependente químico no meio social é, principalmente, o preconceito: “Somos alvos de crítica, tanto por parte da sociedade quanto por pelos próprios usuários de drogas, que repudiam a nova maneira de que passamos a viver pós-drogas”.

Jéferson abraçou a Igreja e tornou-se missionário, levando a palavra de Deus no Paraguai. O compromisso com Jesus é uma forma de retribuir toda a força encontrada em sua Palavra e, também, como propósito de reaver o seu lugar no mundo.

O futuro

O agora ex-dependente Jéferson utiliza sua condição para ajudar outras pessoas que ainda estão aprisionados pelas drogas. Ele acredita que a libertação depende da força de vontade e do auxílio da fé: “Para os familiares que sofrem com um filho viciado, peço que acreditem que ainda há uma solução: o Desafio Jovens Gideões encontra-se com as portas abertas. Somente Jesus pode mudar a vida de uma pessoa. Portanto, procure uma igreja, tenha fé. Hoje, tenho amigos de verdade e só encontrei o meu rumo através de Jesus Cristo. Essa oportunidade que tive de largar o vício permite que eu possa sonhar com um futuro, com uma família, um emprego, enfim, viver como uma pessoa normal”.

Hoje Jeferson está casado com Aliçe e depois de um trabalho missionário  no Paraguai voltou para a Comunidade Terapêutica Desafio Jovem Gideões juntamente com sua esposa para ajudar na obra.
Hoje Jeferson se encontra não mas como dependente mas como Diretor na unidade de Tramandaí.


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